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quarta-feira, 14 de maio de 2008

FALAR EM PÚBLICO

Todos falamos! Mas, muito poucos falamos bem! E, em número ainda menor, somos aqueles que falamos bem, dirigindo-nos ao público, quer este seja uma simples roda de amigos, uma classe de alunos numa sala-de-aula ou mesmo uma imensa platéia numa palestra ou conferência.

Sim, pois a arte de falar bem em público está diretamente relacionada a todo um complexo sistema de acurado desenvolvimento interpessoal.

Todo aquele que um dia quiser ser bem apreciado, atenciosamente ouvido, comprometidamente apoiado naquilo que argumenta e defende, terá que ser, antes de qualquer coisa, autêntico na expressão da verdade proferida, edificante nas considerações anunciadas e, mais importante ainda, ser capaz de criar certa cumplicidade no elo de ligação entre ele próprio e os que o ouvem.

E acurado desenvolvimento interpessoal implica em sermos íntegros na emissão da mensagem sendo, ao mesmo tempo, cautelosos quanto a quem a recebe.

Não que devamos simular atitudes; mas que nos projetemos abertamente, tais quais sejamos interiormente, através do menor dos nossos gestos. Nem que tentemos dissuadir concepções arraigadas na mente de quem quer que seja; mas, se quisermos nos integrar de corpo e alma com os que nos concedem o seu tempo para nos ouvir, por menor que ele seja, temos que possuir uma intenção pura, desprovida de qualquer malícia, para, assim, tocar-lhes a mente e o coração.

Toda argumentação é passível de aceitação ou de repulsão. Quer por adesão gratuita ou convicção reforçada; quer por dogmas pré-estabelecidos ou apenas por caprichoso espírito de contradição.

Além do mais, há que se respeitar as opiniões, os credos, as verdades de cada um.

Mas quando um fala, que todos o ouçam! Este é o princípio! Então, a melhor maneira de se conseguir ser ouvido é através de um encantamento dirigido a todo o ouvinte, mediante uma harmonia da voz bem articulada, com um timbre suave e ao mesmo tempo forte, uma naturalidade a toda a prova nas gesticulações e ações conjuntas de cada fibra, por todo o corpo, além de um completo domínio do assunto exposto.

Que não haja mais, separadamente, aquele que fala, aquilo do que se fala e a maneira como é falado. Mas que haja uma só unidade, um só fenômeno: a pura manifestação da mensagem mesma.

Eis, talvez, o grande segredo da oratória: o de sermos simples instrumento de expressão da/de Humanidade, para que a própria Humanidade, presente na platéia - ou, em quem ouve -, mire-se naquele que fala, apercebendo-se dela própria.


Jorge Pi

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