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domingo, 17 de dezembro de 2017

Piazzottango

Há, na musicalidade piazzolleana, um irreprimível fluxo de densidade vaporizante que nos conduz a repercussões interiores de tal sorte que, de repente, em reverberação, já não sabemos distinguir o instrumento do músico e dos apreciadores audientes. Pois, na verdade, impera mais a música disposta em detalhes que se compõem de multifacetadas manifestações de plenitude. E que se entenda um irreprimível fluxo de densidade vaporizante como algo equivalente a uma dualidade implícita na maneira de conduzir a harmonia, em sua construção musical. Ou certo paradoxo cinestésico-auditivo, pois, mais do que ouvir, a experiência predominante é a de sentirmos com o tato as inusitadas delineações melódicas da genialidade do grande artista. Aliás, Piazzolla, libertando o Tango, tanto e tão lindamente, deixa-nos tontos com tamanha proficiência no libertar! Libertango seja o verbo que nos livra da maldição de estarmos tontos, por não sabermos, tanto, o Tango, libertangozar!



- Jorge Pi

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