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quarta-feira, 17 de junho de 2009

O Conceito de Paisagem e o Espaço-Tempo







Como associar o conceito de paisagem à discussão Espaço-Tempo?




A paisagem, enquanto “espelho do mundo”, e sendo constituída por um universo de signos de criação coletiva, configurando-se como “imagem criada, recriada e recebida” do fluxo e refluxo irrequietos modeladores de sua tessitura e consistência histórico-ontológicas, mantém sim uma estreita relação associativa com a natureza discursiva inerente à noção conceitual de Espaço-Tempo.

Conforme podemos vislumbrar nas sutis demonstrações da teoria da relatividade, o espaço e o tempo mantêm inseparável ligação um com o outro, de modo que, indubitavelmente, certo movimento é resultante, o qual implica em dependência estrutural atrelada à variabilidade daquilo que convencionou-se denominar de velocidade (índice quantitativo da variação posicional em relação à ininterrupta fugacidade temporal).

Assim, ao apreciarmos uma “paisagem”, não estamos apenas passivamente nos deleitando do sabor que o senso estético é capaz de nos proporcionar, conforme o grau de sensibilidade de cada um, porém estaremos nos debruçando por sobre toda uma corrente de ações e reações deslocadas dos rincões do passado histórico (humano e natural), projetados no “aqui e agora” impresso em forma de aparente estaticidade, mas que, em verdade, insurge-se em uma mal disfarçada explosão de dinamicidade expressa em silente loquacidade potencial a permitir-se entrar em evidência quanto à sua presentificação, bem como à sua vocação ao “por vir”, implícito naquilo que conhecemos como “futuro”.

Paisagem é, então, tempo e história e movimento e localização cultural de um espaço plural que se desdobra em múltiplas faces interligadas às mais diversas épocas e ações, mesmo em se fazendo passar por uma substância única, mas que, na verdade, é diversa e multiforme, repleta de contradições e embates que propulsionam sua expressão peculiar, enquanto tal.

A paisagem é, portanto, o próprio homem a se olhar para si mesmo em sua ancestralidade natural e cultural, sob a forma de processo que o inspira e transforma, reverbera e repercute, exprime e educa, enquanto lugar no qual a geografia e a história se fundem e fundam em larga escala uma dicotômica e inusitada realidade em per-cepção.

Jorge Pi

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