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segunda-feira, 2 de junho de 2008

RESUMO DE "A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA" (Etienne de La Boétie)

Jorge Pi










Etienne de La Boétie, no início de seu Discurso da Servidão Voluntária, reporta-se a Homero, através da fala de Ulisses, quando este afirma que é melhor ter um senhor a ter vários. Argumenta dizendo que quando um senhor é mau, estamos sujeitos à infelicidade, quanto mais se nos sujeitarmos a vários. Em seguida, estupefato, o autor constata o absurdo de haver tantos homens, cidades e nações que facilmente se submetem a um só Tirano, cujo poderio é, ironicamente, outorgado por eles próprios. Conclui, então, ser resultado da fraqueza humana o submeter-se à servidão voluntária.

“Não é vergonhoso ver um número infinito de homens não só obedecer, mas rastejar (...)?” (Pág. 75; 9-10). Sob o domínio de um governo tirano, muitas adversidades são impostas, injustificadamente, a despeito de todas as implicações, atingindo desde os bens materiais até os laços afetivos mais caros, tudo ao bel-prazer de um homenzinho, o mais das vezes, covarde, vil e até afeminado.

“Será covardia?” (Pág. 79; 30) Uma humanidade inteira covarde? Como?! “Não é só covardia” (Pág. 75; 33). É o hiato entre a liberdade e a escravidão. Pois são os homens que se deixam escravizar, cair no vazio, no sem sentido de uma existência limitada, fruto de uma doação completa ao domínio tirânico, voluntariamente.

Mas, para alcançar a liberdade, basta aspirá-la? Não é assim tão simples. Como o fogo que consome continuamente para se perpetuar, “os tiranos, quanto mais pilham mais exigem; quanto mais arruínam e destroem, mais se lhes oferece (...); mas se nada se lhes dá (...), semelhante à árvore que, recebendo mais sumo e alimento para sua raiz, em breve é apenas um galho seco e morto” (Pág. 78; 2-9).

Vislumbra-se, assim, uma saída: a firme intenção de desejar as coisas, de cuja posse, torna-nos felizes. Menos a liberdade! Mas por que, já que, sem ela, resta-nos apenas a servidão? Será que a dificuldade reside na amedrontadora facilidade de ser livre?

Todos se enfraquecem para que um se fortaleça!

Será, a liberdade, natural ou não?

Já se observou que, depois de capturados, vários bichos morrem. Outros resistem à captura com suas defesas próprias, como a reconhecer a grandeza do estado de liberdade. Assim também com o homem?

“Que vício infeliz pode então desnaturar tanto o homem, o único que realmente nasceu para viver livre, a ponto de fazê-lo perder a lembrança de sua primeira condição e o próprio desejo de retomá-la?” (Pág. 82; 20-23).

Tiranos há de três tipos: por eleição popular, por força das armas e pela hereditariedade. Os primeiros são traidores; os segundos, cruéis e sedentos de poder; os últimos se consideram proprietários dos governados.

Então, “(...) para que os homens, enquanto neles resta vestígio de homem, se deixem sujeitar, é preciso uma das duas coisas: que sejam forçados ou iludidos” (Pág. 83; 26-29).

Inicialmente, a servidão é forçada; com o tempo, vem o acostumar-se a ela; então, os descendentes, tendo nascido neste estado de coisas, servem sem pesar e voluntariamente, como se fosse algo natural.

Mas há sempre o tempo do despertar e do questionamento. É quando o hábito é posto em suspeita. No entanto, “(...) as sementes do bem que a natureza põe em nós são tão frágeis e finais que não podem resistir ao menor choque das paixões nem à influência de uma educação que as contraria” (Pág. 85; 1-3).

“Em toda parte e em todos os lugares a escravidão é odiosa para os homens e a liberdade lhes é cara (...)” (Pág. 85; 33-35). Porém, os que nasceram na servidão não são verdadeiros conhecedores da liberdade. “Assim, a primeira razão da servidão voluntária é o hábito” (Pág. 88; 15-16) “Desta decorre (...) outra: sob os tiranos, os homens se tornam necessariamente covardes e afeminados (...) (Pág. 90; 10-12)”.

A valentia é ausente, quando falta a liberdade. Os escravos não têm o mesmo ímpeto que os homens livres, no âmago do seu coração, ao enfrentarem os mesmos desafios e perigos, pois não podem contar com a certeza de que serão seus os frutos da vitória ou até mesmo o amargo gosto da derrota, por ser sua e não de outrem. “(...) Os escravos, inteiramente sem coragem e vivacidade, têm o coração baixo e mole, e são incapazes de qualquer grande ação. Disso bem sabem os tiranos; assim fazem todo o possível para torná-los sempre mais fracos e covardes” (Pág. 91; 19-23).

O que os tiranos mais buscam, mesmo, é uma certa devoção dos dominados. “(...) É o segredo e a força da dominação, o apoio e fundamento de toda tirania. Muito se enganaria aquele que pensasse que as alabardas dos guardas e o estabelecimento de sentinelas garantem os tiranos” (Pág. 99; 27-30).

“Não são as armas que defendem um tirano, (...) mas sempre quatro ou cinco homens que o apóiam e que para ele sujeitam o país inteiro. Sempre foi assim (...)” (Pág. 100; 6,8-9).

Os súditos são usados uns contra os outros, pelo tirano, para fins de preservação do poder. O tirano, assim, “é guardado por aqueles de quem deveria se guardar (...)” (Pág.101; 20) como quando “(...) para rachar lenha faz-se cunhas da própria lenha” (Pág.101; 21-22). Pois a aproximação da tirania pressupõe o total afastamento da liberdade e a entronização da servidão, num reino em que um bom caráter não tem vez, a menos que pactue no deplorável exercício do mal. Pois quem poderia ser, de fato, amigo de um tirano sem que, no fundo, não tivesse a intenção de usufruir o mesmo mal? “E, na verdade, que amizade esperar daquele que tem o coração duro o bastante para odiar um reino que só faz obedecê-lo, e de um ser que, não sabendo amar, empobrece a si mesmo e destrói seu próprio império?” (Pág. 103; 31-35).

Os tiranos antigos, em sua maioria, foram vítimas dos seus próprios amigos. Assim, a amizade verdadeira é sempre estranha à tirania. Somente pessoas de bem são reais merecedoras de seu afago. “A amizade é um nome sagrado, uma coisa santa (...)” (Pág. 106; 1-2). “(...) Não pode haver amizade onde se encontram a crueldade, a injustiça. Entre os maus, quando se juntam, há uma conspiração, não uma sociedade. Eles não se entreapóiam mas se entretemem. Não são amigos, mas cúmplices” (Pág. 106; 7-10).

Como exortação final, numa demonstração de pura lucidez, La Boétie nos convida a aprender a fazer o bem, como se fôssemos portadores de uma mensagem crucial a toda mentalidade tirânica e cruel do presente, do passado e do futuro: “Levantemos os olhos para o céu e para nossa honra, para o próprio amor da virtude, dirijamo-nos a Deus todo-poderoso, testemunha de todos os nossos atos e juiz de nossas faltas. De minha parte, creio – e acredito não estar enganado – que ele sem dúvida reserva para os tiranos e seus cúmplices um castigo terrível no fundo do inferno, pois nada é mais contrário a Deus, soberanamente justo e bom, que a tirania” (Pág. 108; 23-30).



REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:


BOÉTIE, Etienne de La. Discurso da Servidão Voluntária. Trad. Laymert Garcia dos Santos. Editora Brasiliense, pp 73-108.




Terra em transe (Glauber Rocha)

31 comentários:

Anônimo disse...

muito bom.Ajudou-me muito a entender o livro obrigado.

Unknown disse...

nossa perfeitas suas colocações!!!
parabéns!!

Anônimo disse...

Adorei o texto, assim fica muito mais clara a compreensao do livro. Obrigada.

Anônimo disse...

Essa resenha me fez compreender ainda mais o livro.
Obrigada

Anônimo disse...

muito bom mesmo! parabéns e muito obrigada.

Anônimo disse...

muito bom, meus parabéns, quanta bondade! haha parabéns mesmo!

Anônimo disse...

parabeins um trabalho ecelente.
mais como os tiranos conseguem manter a fidelidade dos súditos?

Anônimo disse...

mto bom... bom mesmoo...BRILHOUUUU!!!!!! HAHAHAHA'
vlw mesmooo!!!!!!!:D

Anônimo disse...

resumiu bem
muitobom!

Unknown disse...

Muiiiito bom mesmo !
Me ajudou bastante (y)

Anônimo disse...

obrigado, me ajudou a economizar um tempao e entender melhor esse livro

Anônimo disse...

Muito bom o resumo, realmente você me ajudou!

Anônimo disse...

OBRIGADO REALMENTE ME AJUDOU MUITO

Anônimo disse...

Muito bom
Espero que seja bastante útil

Anônimo disse...

vaaleu,ótimo trabalho.

Anônimo disse...

Muito bom, vou fazer a prova do PAS e seu resumo me esclareceu totalmente o livro. Obrigada (:

Silvia disse...

Jorge!Você é uma pessoa generosa!o reszumo é um presente para quem não gosta de ler! O Discurso da Servidão Voluntária é um grande livro! aliás a literatura francesa tem escritores excelentes!a contribuição qjue ela dá a cultura universal é indiscutível!! Um abraço.

Anônimo disse...

Gostei do texto. Bem simples e compreensível

Anônimo disse...

Tenso li esse livro mil vezes , li esse resumo aqui e sabe nada de entender sacanegem isso ai cair na prova do PAS

Anônimo disse...

Adorei mto bom mesmo ! Parabéns :]~

Anônimo disse...

ná primeira vez que eu li, eu entendi porque eu estava com um dicionario ao meu lado . assim é fácil. Só basta focar em ler, focar nos estudos aí tudo fica um mar de rosas!

Anônimo disse...

Muito bom. Boa colocação verbal e de fácil entendimento!

Anônimo disse...

obrigada!!! esse resumo me ajudo e nem precisei ler o livro pra prova

Anônimo disse...

pedro berredo
gostei muito tu me ajudou bastente. muito obrigado

Anônimo disse...

Gostei! Breve e esclarecedor.

Anônimo disse...

resumo bem interessante.. valeu vai servir muito para minha prova da uema...

disse...

muito bom, eu tive uma prova sobre este livro, esse resumo ajudou muito

Anônimo disse...

eu adorei este resumo parabéns

Anônimo disse...

vlws!

Anônimo disse...

Qual sao os nomes dos tres principes tiranos ???
me ajudem por favor?

Anônimo disse...

Muito bom o site, parabéns!!! Amei os textos...muito bons :)